festival z 2012


Nos anos 90, as chamadas boy bands costumavam seguir um modelo: coreografias milimetricamente sincronizadas, figurino planejado e combinado, quatro ou cinco vozes afinadíssimas e nada de instrumentos. Mas, pelo que se viu no primeiro dia do Z Festival, realizado na noite desta sexta-feira (29), na HSBC Arena, no Rio de Janeiro, os padrões atuais são outros. As bandas Hot Chelle Rae, Yellowcard, McFly e The Wanted, que fizeram parte da programação do primeiro dia do evento na Cidade Maravilhosa, mostraram que há uma nova geração de grupos formados por jovens cantores um pouco diferente daquela da qual fizeram parte nomes consagrados, como os Backstreet Boys e o 'N Sync.
O cantor e guitarrista do McFly, Tom Fletcher, beija Danny Jones durante a apresentação da banda no Z Festival, nesta sexta (28), no Rio (Foto: Alexandre Durão/G1)Cantor e guitarrista do McFly, Danny Jones beija o companheiro de banda Tom Fletcher durante a apresentação da banda no Z Festival, nesta sexta (28), no Rio (Foto: Alexandre Durão/G1)
Agora as guitarras distorcidas dão o tom das apresentações, transformando os cantores em músicos mais completos. Os modelitos ficaram mais casuais, com uma preferência geral por jeans e camisetas de malha customizadas, mostrando as (inúmeras) tatuagens dos integrantes.
Detalhes já bem fáceis de se perceber durante a apresentação da banda norte-americana Hot Chelle Rae. O quarteto de Nashville subiu ao palco pouco depois das 19h, com o público ainda chegando à arena. A julgar pelos amplificadores Orange (marca utilizada por grupos mais "cascudos", como Black Sabbath, AC/DC e Slipknot), a expectativa de quem não conhecia o grupo era por um som mais pesado. Mas a levada pop de canções como "The only one", "Lovesick electric" e "Why don't you love me" (originalmente gravada com Demi Lovato) agradaram ao público, predominantemente feminino. Os destaques foram a versão de "Teenage dream", de Katy Perry, e a participação de duas adolescentes da plateia, que cantaram o trecho em rap de "I like it like that".
Pesado mesmo é o Yellowcard, a segunda atração da noite, que curiosamente traz o violinista Sean Mackin em sua formação — Mackin foi diagnosticado com câncer de tireóide em dezembro do ano passado, e ainda segue em tratamento. O quinteto abriu o show com "Awakening", canção de seu mais recente álbum, "Southern air", seguindo com "Rough landing, holly", "Breathing", "With you around" e "Ocean Avenue", esta última com direito a salto mortal do violinista, muito aplaudido pelo público.
O violinista Sean Mackin (à esq.) e o cantor e guitarrista do Yellowcard, Ryan Key, no show mais pesado do primeiro dia do festival no Rio (Foto: Alexandre Durão/G1)O violinista Sean Mackin (à esq.) e o cantor e guitarrista do Yellowcard, Ryan Key, no show mais pesado do primeiro dia do festival no Rio (Foto: Alexandre Durão/G1)
"Estamos em turnê há algum tempo. Este show e o de amanhã serão os últimos. Com esta, já são quatro passagens pelo Brasil. Obrigado por nos receberem tão bem novamente", agradeceu o cantor e guitarrista Ryan Key. 
Por volta das 21h30 foi a vez dos britânicos do McFly assumirem o espetáculo. Com a maior parte do público presente por causa deles, não foi difícil colocar a arena para pular logo no primeiro número, "Nowhere left to run". Foram os mais comunicativos e carismáticos da noite. "Jogaram para a torcida", como diz a gíria do futebol, praticamente o tempo todo: dançaram, rebolaram e provocaram com as fãs sem descanso.
Mas também teve muita música: tocaram um trecho de "Garota de Ipanema" (sempre ela); incluíram a canção "No worries" no repertório, por conta de pedidos pela internet; e ainda tocaram a novíssima "Love is easy". "Ainda nem tocamos esta música na Inglaterra. Como vocês sabiam a letra?", perguntou o baixista Dougie Poynter. "Everybody knows", a canção mais longa do show, teve direito também à citação de "Living on a prayer", do Bon Jovi, uma provável influência musical para os garotos ingleses.

O The Wanted, última atração do Z Festival, que tem sua segunda etapa carioca marcada para o próximo domingo (30), também na HSBC Arena (Foto: Alexandre Durão/G1)O The Wanted, última atração do Z Festival, que tem sua segunda etapa carioca marcada para o próximo domingo (30), também na HSBC Arena (Foto: Alexandre Durão/G1)
Quem fechou a noite foi o The Wanted, que acabou se apresentando para pista e arquibancadas esvaziadas — um erro de programação do festival, que deveria ter escalado o McFly, mais popular, para encerrar a noite. Apesar de menos fãs, o grupo mostrou que suas admiradoras são mais atrevidas: não foi pequeno o número de sutiãs e calcinhas arremessados no palco durante as primeiras músicas.
Formada por Jay McGuinness, George Max, Nathan Sykes, Kaneswaran Siva e Tom Parker, o The Wanted é o único grupo que destoa um pouco dessa nova safra de boy bands. Não pegam em instrumentos durante quase todo o show, com exceção do momento em que encarnam o Coldplay, enfileirando versões de "Viva la vida", "Paradise" e "Fix you". Cantam sem coreografia, mas alguns de seus integrantes chegam a dançar juntos no palco, como se fossem começar uma.
Também agradaram, principalmente depois do hit obrigatório "Chasing the sun", que acabou fazendo parte da trilha sonora do longa de animação "A era do gelo 4".
Os quatro grupos voltam ao palco do Z Festival neste sábado (29), quando o evento tem sua edição paulistana. A eles juntam-se Big Time Rush, Rock Bones, DJ Torrada e Demi Lovato, que se apresentam no Rio no domingo (30), na segunda etapa carioca do festival.

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